Musica para os meus ouvidos

Tuesday, March 14, 2006

Drum´s Not Dead - Liars

No universo das bandas experimentalistas os Liars são sem dúvida umas das suas bandas mais fortes com uma qualidade invulgar e uma criatividade que parece não ter limites. Foram considerados Post-Punk no inicio, mas com “They Were Wrong, So We Drowned” enganaram toda a gente. “Drum´s Not Dead” é o novo capítulo e pode ser considerado como o seu “ O.K. Computer”.
Apesar das suas origens remontarem a New York, uma cidade de onde tem saído bastante “matéria-prima” nestes últimos anos, eles partiram para Berlim pouco depois do segundo disco, onde começaram a trabalhar em “Drum´s Not Dead” num estúdio bastante favorável para o caso.
Tal como o nome indica a bateria é parte determinante na feitura deste novo álbum. O disco conta-nos a história de duas personagens: uma bateria chamada Drum e uma montanha chamada Mt. Heart Attack. Enquanto Drum quer movimento, acção, mobilidade, Mt. Heart Attack prefere ficar na sua, imóvel, parado por causa da sua enorme massa. Ao longo das faixas vamos ter um confronto entre estas duas personagens, e acabam por se influenciar mutuamente e conseguem chegar a um meio termo com o qual estão ambos de acordo.
“Drum´s Not Dead” é o disco mais acessível dos Liars até ao momento, mas mesmo assim não deixa de entrar por territórios poucas vezes vistos na musica moderna actual. Parece-me incontestável que este vai ser um dos grandes discos do ano, mas apenas acessível a quem sabe ouvir música.

Thursday, March 09, 2006

Mclusky

Para quem gosta daquelas bandas esquisitas que nunca vão a lado nenhum (como eu), aqui está um belo exemplar. Eles de facto nunca foram a lado nenhum, e nunca irão porque simplesmente já acabaram.
Volvido que está um ano desde o final da sua carreira, os Mclusky , uma banda irlandesa, lançam “Mcluskyism”, um best of que nos mostra um pouco do que é o seu mundo maravilhoso.
Iniciaram a sua carreira em 1998 mas apenas em 2000 lançaram o seu primeiro album. Foi em 2002 que produziram a sua obra prima com “Mclusky do Dallas” produzido pelo famoso Steve Albini. Foram incrivelmente ignorados pela imprensa escrita enquanto em vida mas adorados por uma minoria que os tornou num fenómeno de culto para os lados de Cardiff.
É difícil de definir o som de Mclusky, eles têm nitidamente influência de bandas como Pixies ou Nirvana, até por Albini ter colaborado em parte da carreira deles. Um dos factores que os distanciam mais destas bandas é o sentido de humor e o poder da guitarra, além de uma bateria explosiva que os leva bem para lá do que os podia considerar uma simples banda indie.
“Mcluskyism” é o best of que talvez não traga nada de novo para os fãs, mas para todos os outros interessados é a melhor maneira de entrar neste universo. Além de um best of habitual com as melhores músicas inclui ainda mais dois discos com lados B´s, raridades e musicas ao vivo.
Os novos fãs da banda podem seguir o trabalho do baixista John Chapple através do seu novo projecto: Shooting At Unarmed Men.

Tuesday, March 07, 2006

Man Man

Pode parecer engraçado, mas Man Man é o alter ego de um tal de Honus Honus, norte-americano natural de Philadelphia que em tudo nos faz lembrar nomes como Tom Waits ou Frank Zappa sendo Honus o único elemento resistente desde o início da banda.
É quase indescrítivel a musica dos Man Man. Um dos trabalhos mais originais dos últimos tempos e também dos menos acessíveis ao ouvido comum. Tudo no universo de Man Man é estranho, desde os nomes dos elementos da banda, os concertos simplesmente delirantes em que eles usam todo o tipo de instrumentos que possam imaginar (incluindo chaves de fendas e utensílios de cozinha) até á própria aparência dos elementos do grupo.
“Six Demon Bag” sucede o álbum de estreia de 2004, e consegue ser ainda mais estranho que este. Imaginem uma mistura de musica cigana, musica folk, musica de carnaval, cântigos de pubs e um tipo a gritar “fee, fi, foo, fum” mas tudo com uma qualidade acima da média. É mesmo daquelas bandas que se ama ou detesta. Depois ainda há os nomes das músicas: “Banana Ghost”, “Push The Eagle´s Stomache”, “Fishstick Gumbo”...
No espaço de tempo entre os dois discos os Man Man fizeram primeiras partes de grupos como Arcade Fire ou Death From Above:1979.

Black Cadillac - Rosanne Cash

Numa altura em que se fala muito em Johnny Cash, devido ao filme autobiográfico sobre a sua vida e que valeu até um Oscar à actriz Roose Witherspoon entre várias nomeações, chega-nos ás mãos mais um tributo, desta vez de sua filha, Rosanne Cash.
Um disco que faz lembrar “Funeral” pela maneira como lida com a morte. Rosanne Cash, filha do cantor country, no espaço de tempo de 3 anos que a separam desde o lançamento do seu trabalho anterior, teve de lidar com a morte por 3 vezes. Primeiro a sua madrasta, depois o seu pai Johnny, e por ultimo a sua mãe. Claro que tinha de saír daqui um trabalho autobiográfico. “Black Cadillac” é um trabalho mais negro do que qualquer outro disco da cantora country, mas com melodias muito mais complexas e letras muito mais poéticas do que a cantora criou até hoje. Johnny continua a assombrar o trabalho da filha, depois de em “Rules of Travel” ter cantado um dueto com ela, inicia este disco com a frase “Come on” na musica que dá nome ao álbum como se fosse passar o testemunho. Rosanne liberta-se um pouco do estilo country que caracteriza os seus trabalhos anteriores e consegue fazer um trabalho extraordinário, e consegue unir as suas forças com songwriter, cantora e musica num trabalho que pode ser o melhor da sua carreira até ao momento.

Saturday, March 04, 2006

Be Your Own Pet

Eu já andava à algum tempo para falar desta simpática banda, mas guardei para agora que o álbum de estreia está mesmo aí a sair.
Já há uma série de bandas que se podem incluir no género noise/art, estilo/substância entre as quais podemos incluir nomes como Yeah Yeah Yeahs ou The Kills. Numa altura em que os Yeah Yeah Yeahs abandonam este estilo (eu já ouvi o novo álbum deles e acreditem que vão ter uma surpresa), estão encontrados os seus sucessores. Eles são de Nashville no Tennessee, têm todos 17/18 anos, e uma postura extremamente punk. A vocalista Jermina Pearl é tudo aquilo o que se pode desejar numa banda deste tipo, além da juventude tem uma grande garra e uma força soberba em palco.
Depois de virem lançando singles desde 2004 foi como o brilhante EP “ Damn, Damn Leash” que eles saltaram para a lista das grandes promessas para 2006 ( tenho pena que a musica que dá nome ao EP não venha incluida no album). “Be Your Own Pet” é um grande disco. Poderoso, directo com musicas que pouco passam de 1 minuto. Em “Stairway To Heaven” brincam com o clássico dos Led Zeppelin mas partem logo para uma explosão de força e fúria onde Jermina nos convida para partilhar uma cama com ela e seduzi-la, em “Bunk Trunk Skunk” ela diz ser uma “independent motherfuker” que nos quer quer tirar a virgindade... A postura deles é bastante agressiva, não tem grandes solos de guitarra mas sim barulhentos ao velho estilo do punk rock.
Os Be Your Own Pet podem facilmente desaparecer em menos de um ano, mas também se podem tornar no próximo símbolo de uma geração. Vamos esperar para ver, candidatos não faltam por aí...

Wednesday, March 01, 2006

Playlist de Fevereiro 2006

Aqui fica a playlist para o passado mês de Fevereiro:
* Mystery Jets - The Boy Who Run Away
* Kubicheck! - Nightjoy
* The Knife - Silent Shout
* Be Your Own Pet - Electric Shake
* Yeah Yeah Yeahs - Art Star
* Artic Mondays - When The Sun Goes Down
* iForward Russia - Fourteen
* Panic! At The Disco - I Write Sins Not Tragedies
* Film School - He´s a DeepDeep Lake
* Placebo - Song To Say Goodbye
* Placebo - Post Blue
* White Rose Movement - Deborah Carne
* White Rose Movement - Speed
* Elefant - Sirens
* Infadels - Love Like Semtex
* The Young Knives - English Rose
* Boris - +ª-¦-¦a¦è-å-Ñ
* Starflyer 59 - The Contest Completed

We Are Not The Infadels - Infadels

Mais uma banda de rock Inglesa em estreia com claras influências electrónicas, os Infadels não podiam existir se não houvesse grupos como os Radio 4 ou The Rapture. Conseguiram estabelecer um grande culto depois de andarem 2 anos na estrada em que as suas prestações ao vivo se destacaram de forma bastante agradável. Isto pode parecer muito bem, mas quando chega à parte de passar para disco tudo é diferente. Os Infadels acabam por caminhar por terrenos já pisados vezes sem conta, pelo que acabam por perder a sua originalidade vista nas suas prestações ao vivo.
Mesmo assim, “We Are Not the Infadels” é um disco que consegue combinar de maneira muito razoável a musica punk-pop dos anos 80 com a musica electrónica que se faz hoje em dia. Em vez de apostarem em refrões demasioado pop, tipico dos seus congéneres, eles preferem presentear-nos com um som verdadeiramente underground, crú e cheio de energia. Exemplo disso é logo a excelente faixa de abertura, “ Love Like Semtex”, uma das melhores do álbum a par do single “Can´t Get Enough”Se existe uma barreira entre o rock e a musica de dança, de certo que os Infadels a conseguem ultrapassar com este álbum de estreia. Um disco razoável.

Monday, February 27, 2006

Mais concertos para Portugal

As novidades no que diz respeito a concertos continuam a surgir. Mais nomes confirmados para a edição deste ano do Super Bock, Super Rock são: Placebo, Korn e Within Temptation. O festival irá decorrer entre os dias 25 e 28 de Maio. De notar que os Placebo lançam o seu novo album "Meds" no próximo dia 13 de Março.
Confirmado também está o regresso de John Spencer com o seu novo projecto, Heavy Trash. A actuação está prevista para o IV Festival de Blues de Coimbra que está marcado para os dias 16, 17 e 18 de Março no Teatro Académico de Gil Vicente.
Já agora, aqui fica um concerto a evitar. James Blunt no Coliseu dos Recreios em Lisboa, no dia 16 de Junho.

Saturday, February 25, 2006

Silent Shout - The Knife

Depois da fantástica estreia com “Deep Cuts”, os The Knife uma das bandas de electro escandinavas mais bem sucedidas, ainda que pouco conhecidos para estes lados, estão de regresso com mais um fantástico album. São residentes em Estocolmo, na Suécia, e fazem musica juntos desde 1999 especialmente no campo do tecnho. São uma dupla formada por irmão e irmã ( Karin e Olof Dreijer) sendo ela nada mais que a senhora que dá voz ao excelente single “What Else is There” dos Royksopp.
O som deles assemelha-se a um electro-pop com um ritmo bastante melódico. “Silent Shout” é o exemplo do que poderá ser a musica no futuro. Os sintetizadores tornam a atmosfera muito mais negra e profunda do que em “Deep Cuts” ,que foi considerado já por si uma obra prima. Aqui eles tentam ir mais longe e a voz de Karin acaba por sobressair em algumas das faixas com a variação dos timbres e do volume contrastando com o remoinho dos sintetizadores. Depois ainda há para adicionar a voz de um outro sueco, Jay Jay Johanson como artista convidado, que faz “Markle House” ser o ponto mais alto deste disco.
O electro-pop vai ultrapassando cada vez mais novas fronteiras.